Reabrir possíveis: descoincidência, uma arte de operar
Reabrir possíveis (Descoincidência, uma arte de operar) ocupa um lugar singular na vasta produção do filósofo François Jullien, visualizada em seu conjunto: constitui a culminância de um pensamento que vem sendo traçado, sobretudo, pelas Transformações Silenciosas (EDUEL, 2018) e por Do Ser ao Viver (Léxico Euro-Chinês do pensamento) (EDUEL, 2021), ao mesmo tempo que estuda as “descoincidências”, considerando-as como elemento reestruturador de um viver distinto. Nota-se que as duas obras convergem na questão da percepção de natureza não fenomenológica, correspondendo a evidenciar que toda captação de uma situação escapa ao domínio do sujeito, ou dito de outro modo: toda captação é da ordem de incidentes, logo imprevisíveis e não da ordem de acidentes, logo previsíveis. Nota-se, do mesmo modo, que esse predomínio do incidental deve-se aos ângulos novos emergentes da postura de “perscrutar” assumida pelo sujeito, sempre à espera de “transformações silenciosas”. Contudo, cumpre sublinhar que Reabrir Possíveis (Descoincidência, uma arte de operar) pode ser lido independentemente de outras obras de François Jullien, já que se constitui no projeto de elucidar os rumos seguidos pelo pensamento do homem contemporâneo: baseado e norteado pelo controle dos acidentes e das coincidências, ao qual a presente obra traduzida agrega a consciência da perda de domínio sobre incidentes, expressos exemplarmente pela imagem das “Descoincidências”. Vista desse ângulo, esta obra sinaliza, sem prescrever, certa demarcação que, em partindo das coincidências ou fatos vivenciados, incide sobre a redescoberta de ângulos, frestas e cantos ainda a descobrir e a decifrar (Leia-se, sob esta prática, um gesto que oblitera o ritmo da paisagem do íntimo, mas que a ela vem somar modos de uma vida outra).
| Correios Width | 16 |
|---|---|
| Correios Height | 1 |
| Correios Depth | 23 |
| Ano | 2025 |
| ISBN | 9788578466329 |
| Autor(a) | François Jullien |
| Edição | 1 |
| Editora | EDUEL |
| Idioma | Português |
| Tradutora | Maria Luiza Berwanger da Silva |
| Número de páginas | 102 |