O Abatedouro ( L' assommoir )
Em abril de 1876, ao ser publicado em capítulos semanais no jornal republicano Le bien public, O abatedouro causou tal escândalo e foi alvo de tamanhas críticas que a publicação teve de ser interrompida para ser retomada, após mais de um mês, na revista La République des lettres. Quando foi editado em livro, em janeiro de 1877, as críticas recrudesceram, tornando-se ainda mais acerbas. Mas não foi preciso muito tempo para que o romance se tornasse um dos mais importantes de toda a literatura e equiparasse Zola a outros grandes mestres franceses, como Balzac, Flaubert e Hugo.
O escândalo provocado pelo livro não explica sua fama nem responde, obviamente, por sua qualidade. Outros que desencadearam fúria igual ou maior foram tragados pelo tempo, o que não aconteceu com O abatedouro. Embora este seja o primeiro romance a tratar, com rigor quase científico, do problema do alcoolismo que assolava a França, então no auge da revolução industrial, e seja um dos primeiros a trazer o operariado para o centro da cena, tais elementos, certamente relevantes, tampouco bastam para explicar sua excelência.
O que torna O abatedouro especial e está na origem de todo o escândalo é, nas palavras de seu autor, a linguagem. No belíssimo prefácio, Zola afirma que O abatedouro é, na verdade, o mais casto de seus livros, e que anteriormente tivera que tocar em chagas ainda mais pavorosas. E continua: Apenas a forma assusta. Fica-se contrariado com as palavras. Meu crime é ter tido a curiosidade literária de recolher e vazar em um molde muito trabalhado a língua do povo.
A língua do povo. Pela primeira vez, a língua do povo, falada pelos operários nas fábricas, em casa, nas ruas, recebe um tratamento literário. O abatedouro não é apenas um romance sobre o operário, mas sobretudo o romance do operário, que nele figura não como protagonista de reformas sociais ou como uma versão capitalista do bon sauvage, de Rousseau, mas simplesmente como homem comum; nem herói nem explorado. As personagens de O abatedouro, nos conta Zola, não são más, são apenas ignorantes e corrompidas pelo meio de rude trabalho e miséria em que vivem.
É o drama desses miseráveis, dos que são consumidos pelo álcool e pela miséria, dos que fazem o dia a dia da Paris que se transforma sob o II Império, e, acima de tudo, a simples história de Gervaise Macquart, um dos títulos pensados por Zola para o romance, que o leitor é agora convidado a conhecer.
| Correios Width | 16 |
|---|---|
| Correios Height | 3 |
| Correios Depth | 23 |
| Ano | 2019 |
| ISBN | 978-85-302-0040-4 |
| Autor(a) | Émile Zola |
| Edição | 1 |
| Editora | EDUEL |
| Idioma | Português |
| Ilustradora | NULL |
| Tradutora | Dilson Ferreira da Cruz |
| Número de páginas | 468 |